Pensamentos soltos sobre o Lobisomem 5º Edição.
Um uivo de saudação a
todos os Garou!
No dia 07 de dezembro
de 2019, foi anunciado o lançamento da 5º edição de Lobisomem: O Apocalipse. A
equipe responsável pelo desenvolvimento será a Hunters Entertainment e os
responsáveis pela distribuição, Renegade Games.
A previsão é de
lançamento é em 2021 e a nova edição de Lobisomem: O Apocalipse contará com
muitas similaridades em mecânicas com a 5º edição de Vampiro: A Máscara, embora
conte com muitos elementos únicos.
Você pode acessar este
link para ler o anuncio oficial de lançamento (em inglês):
https://www.huntersentertainment.com/single-post/werewolf-the-apocalypse
Apesar de saber que
isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde, confesso que fiquei receoso quando
lia notícia. Fiquei porque ainda me lembro de tudo o que ocorreu com a V5 ( a
5º edição do Vampiro) e das minhas
"pregações no deserto" quando aquele famigerado texto sobre a
Chechênia veio à tona, junto com toda a baboseira ultradireitista que estava
nos livros publicados e nos que ainda seriam lançados.
Contudo, fiquei feliz
em ver que a Paradox Interactive, dona da White Wolf, realmente cumpriu o
prometido e "terceirizou" a produção dos seus novos lançamentos no
Mundo das Trevas, tirando os Garou das mãos da "patota direitista"
que tomava conta da WW, mas não posso deixar de fazer aqui aquela fatídica
pergunta:
Uma 5º edição de
Lobisomem: O Apocalipse é, realmente, necessária?
Uma nova edição terá a
dupla tarefa de agradar o público antigo do jogo e também cativar e trazer
novos jogadores para a Nação Garou e, penso eu, talvez o jogo de vídeo game que
será lançado ano que vem, Werewolf: The Apocalipse Earthblood será o meio no
qual novas pessoas terão um melhor contato com o mundo de Lobisomem.
Quem me conhece, ou já
jogou RPG comigo em algum momento, conhece a minha opinião sobre o Lobisomem,
sempre disse que o cenário era muito melhor e mais rico em histórias do que o
seu irmão mais velho, Vampiro, mas o que estragava o jogo eram seus jogadores,
que eram dominados pela possibilidade de virar uma máquina de matar de 3 metros
de altura, ignoravam toda a trágica história dos livros e transformavam o jogo
em um grande torneio de "quem mata mais" e que ficou popularmente
conhecido como "Garou Ball Z", pois os jogadores só queriam saber de
mais força e mais poderes para enfrentar monstros mais fortes.
Eu me lembro até hoje
do "Deus nos Acuda" entre os jogadores de Lobisomem aqui em Belém,
quando aconteceu o lançamento do Lobisomem: Os Destituídos, o jogo que sucedeu
o Apocalipse, pareciam que tinham matado até um parente deles quando eles
descobriram que não podia jogar mais com o Goku na forma Crinos.
Mas o tempo passou, o
RPG mudou, o mundo mudou e o Lobisomem: O Apocalipse sobreviveu até aos seus piores
jogadores, e ao menos para mim, neste ano, quando voltei a ter contato com o
cenário e as suas histórias na sua versão de aniversário, ele entrou para um
seleto rol de livros, no qual jamais pensei ver um livro de RPG, nas distopias
que estão se tornando realidade. 1984, de George Orwell, Admirável Mundo Novo,
de Aldous Huxley e O Conto da Aia, de Margareth Atwood são alguns exemplos de
distopias que estamos vendo tomar forma neste século XIX com o avanço da ultra
direita e seu fascismo velado.
E no que diz respeito a
preservação da natureza e do mundo como lugar habitável, Lobisomem: O
Apocalipse é a distopia que está tomando forma. O desprezo dos homens ricos
pela preservação, o avanço da agricultura destruidora que causa o desmatamento
desenfreado de florestas, a poluição dos rios, lagos e oceanos, o sumiço das
geleiras, tudo isso está lá, nas páginas daquele RPG desde 1992!!!
Para vocês terem uma
ideia do que eu estou falando, quem joga Lobisomem há muito tempo conhece o
famoso suplemento "Rage Across the Amazon", lançado em 1993. Este
livro foi severamente criticado por jogadores por uma serie de informações
erradas sobre a região, afinal foi escrito por um americano que nunca havia
colocado os pés na floresta, mas trazia um cenário e uma história com muitas
semelhanças com o que está ocorrendo hoje, em 2019, na floresta amazônica.
Seu texto de
apresentação (traduzido), dizia o seguinte:
A Maior Ameaça
A Wyrm fez a sua jogada
- a Pentex Incorporated está por trás da destruição da Floresta Amazônica. As
escavadeiras derrubam árvores antigas, deixando para trás terras devastadas. As
fábricas vomitam fogo nos rios, envenenando a corrente sanguínea de Gaia.
Monstros guincham pela selva, mutilando os espíritos e os vales da Umbra. O
poder faminto da Wyrm se abre para devorar seu banquete ...
O Maior Sacrifício
... mas a Wyrm engasga
com a raiva amarga dos Garou. Os guerreiros de Gaia estão aqui para acabar com
a corrupção, destruir os profanadores e recuperar a Terra. A Guerra da Amazônia
começou, a maior batalha ainda para o corpo e a alma de Gaia. Na hora mais
sombria, os Garou devem ter sucesso antes que o Inimigo das Trevas destrua
tudo.
Só que aqui, no mundo
real, você não tem três metros de altura e pode derrubar uma árvore com um
soco...Vamos ter que nos virar com o que temos para defender a floresta!!
Se eu tivesse que
responder a minha própria pergunta, eu diria que sim, uma nova edição de
Lobisomem é necessária, mas que seja uma edição que respeite o passado e mostre
que o nosso futuro é ainda mais sombrio do que se pensava em 1992.
Ps: Se esperarem mais
um pouco, ele podem lançar o W5 como edição de 30 anos, em 2022!!
Ps2: Eu lembro que a
maioria das críticas feitas ao Rage Across the Amazon, eram de jogadores do
sudeste do país, que tinham o mesmo conhecimento sobre a amazônia que os
escritores americanos, ou seja, nenhum!!!
Massa. Infelizmente os raros contatos que eu tive com Lobisomem O Apocalipse em mesa de jogo foram na vibe "Garou Ball Z" (assim como a contraparte vampírica, "Cainitas do Zodíaco"). Acompanhando aqui eu acabo conseguindo ver essa camada que não vi no passado. Agora é cruzar os dedos e esperar que alguma subsidiária da Pentex não meta mão na edição dessa nova edição vindoura, hehehe!
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